Na era da chamada “economia dos criadores”, onde personalidades públicas acumulam milhões de seguidores em redes sociais, qualquer deslize vira espetáculo — e qualquer crítica, também. O recente episódio envolvendo Virginia Fonseca e Vinícius Júnior expõe muito mais do que uma ruptura de relacionamentos ou uma polêmica pessoal: revela como a visibilidade funciona como moeda — tanto para quem está no centro dela quanto para quem assume a posição de comentarista.
Dados reforçam que o marketing de influência é gigante: o mercado global está projetado para alcançar US$ 32,55 bilhões em 2025. No Brasil, em especial, os influenciadores digitais ocupam papel central — mais de 40% dos usuários da internet declaram seguir criadores de conteúdo. Isso significa que essas figuras são, simultaneamente, produto, marca e ator social — com impacto direto sobre comportamentos, narrativas e valores.
Nesse contexto, criticá-las é natural — faz parte do debate público. Porém, existe uma ironia que merece atenção: ao criticar a visibilidade de alguém como Virginia, ou o comportamento de alguém como Vinícius, muitas pessoas acabam reforçando o próprio mecanismo que tanto condenam. Transformam-se em amplificadores, alavancando mais atenção, mais engajamento, mais “recursos” para o influenciador em questão. Ou seja: a crítica que deveria dissolver o circuito da visibilidade acaba retroalimentando-o.
Para além do espetáculo, há uma questão ética: o influenciador tem responsabilidades — não só comerciais, mas sociais. Ele assume um lugar de exemplo ou de espelho para muitos. Quando ele falha, quando se comporta como “sou humano, errei” sem assumir o peso da entrega ou da consequência, corre-se o risco de banalizar a responsabilidade e gerar uma sequência de “licenças” de descompromisso. E não se trata de inocência — trata-se de coerência entre imagem, discurso e ação.
Para profissionais da comunicação, marketing, entretenimento e direito — especialmente em mercados onde a criação de conteúdo e a economia de influenciadores ganham força — a reflexão é dupla. Primeiro: qual é o nosso papel como críticos, gestores ou participantes desse ecossistema? Segundo: quando estamos em posição de liderança ou organização de marcas (como você, que está construindo programas de mentorias e atuando em regimes de inovação), como definimos que transparência, compromisso e coesão entre discurso e entrega são critérios não negociáveis? Em última análise: a nova economia dos criadores exige mais do que visibilidade — exige responsabilidade visível.
____
In the era of the so-called creator economy, where public figures accumulate millions of followers across social networks, every misstep becomes a spectacle — and every criticism does too. The recent episode involving Virginia Fonseca and Vinícius Júnior reveals much more than a broken relationship or a personal controversy: it exposes how visibility functions as a form of currency — both for those at the center of it and for those who position themselves as commentators.
Data reinforces the magnitude of influence marketing: the global market is projected to reach US$ 32.55 billion by 2025. In Brazil, digital influencers play an especially central role — more than 40% of internet users report following content creators. This means these figures are simultaneously product, brand, and social actor, wielding direct influence over behaviors, narratives, and values.
In this context, criticizing them is natural — it is part of public debate. However, there is an irony that deserves attention: by criticizing the visibility of someone like Virginia, or the behavior of someone like Vinícius, many people end up reinforcing the very mechanism they claim to condemn. They become amplifiers, driving more attention, more engagement, and more “resources” toward the influencer in question. In other words: the critique that should dissolve the visibility circuit ends up feeding it.
Beyond the spectacle lies an ethical question: influencers carry responsibilities — not only commercial, but social. They occupy a role of example or mirror for many. When an influencer fails, when they resort to the narrative of “I’m human, I made a mistake” without accepting the weight of accountability or consequence, they risk trivializing responsibility and generating a chain of “permission slips” for disengagement. This isn’t about innocence — it’s about coherence between image, speech, and action.
For professionals in communication, marketing, entertainment, and law — especially in markets where content creation and the influencer economy are expanding — the reflection is twofold. First: what is our role as critics, managers, or participants in this ecosystem? Second: when we are in positions of leadership or brand stewardship (as you are, building mentorship programs and working in innovation environments), how do we define transparency, commitment, and alignment between discourse and delivery as non-negotiable criteria? Ultimately, the new creator economy demands more than visibility — it demands visible responsibility.
#creatoreconomy



