A economia da cultura ou economia criativa é constituída por meio de processos criativos e relativos a bens culturais e imateriais. No Brasil, a esse tipo de economia contribui com 3,11% do PIB, ficando à frente da indústria automotiva com 2,50% e atrás da indústria da construção, com 4,06%.
A economia criativa engloba as atividades que tem por base a criatividade e as habilidades e talentos individuais, que têm potencial para criação de emprego e renda com a exploração da propriedade intelectual.
Já a economia da cultura abrange um conjunto mais restrito de atividades e, ao mesmo tempo, abarca outras áreas da dimensão simbólica que são esquecidas ou ignoradas ao se formular um conceito da indústria e economia criativas.
Tanto no Brasil, como em outros países latino-americanos, uma boa parte da chamada economia de cultura não é passível de ser considerada atividade industrial, ou seja, não estão submetidas aos regramentos da propriedade intelectual ou autoral, pois nunca assumiram e, provavelmente, não assumirão as características dessa indústria, apesar de gerarem ocupação, emprego e renda.
No país, um estudo recente do Instituto Itaú Cultural mostrou que as atividades criativo-culturais geram emprego para aproximadamente 7.5 milhões de pessoas, possuindo 130 mil empresas em território nacional.
Enquanto os setores de construção e o automotivo diminuíram sua participação total na economia brasileira entre 2012 e 2020, a economia cultural e criativa sustentou crescimento nesse mesmo período. E não é só isso: dados do IBGE de 2017 e 2019 apontam que o salário médio de quem trabalha nesse setor é de 3,8 salários mínimos e havia participação de trabalhadores com 11 anos ou mais de estudos, contra 3,0 salários mínimos do restante da economia, com predominância de trabalhadores sem nível superior.
Há diversos fatores que levam a esses resultados, sendo um deles o avanço científico e tecnológico que afeta grandemente o desenvolvimento cultural e, consequentemente, estimula de forma positiva a indústria de conteúdos culturais.
Essa economia está se consolidando como uma das mais promissoras fontes geradoras de riqueza e de desenvolvimento humano, uma vez que possui grande amplitude e abrangência, pois envolve muitos outros setores. Em outras palavras, é uma economia que está articulada a outras, de modo que cria diversas oportunidades de trabalho e renda.
O Brasil e a América Latina como um todo são uma região com grande diversidade e patrimônio cultural, além de reconhecida capacidade criativa, com setores dinâmicos ou em ativação, como o audiovisual e o cinema, os games, a televisão, a música, as festas, o artesanato, o setor editorial, as artes cênicas, o turismo cultural, as artes e manifestações tradicionais das culturas populares, a arquitetura, o design, as artes visuais, as culinárias.
Em cada um desses campos, assim como em outros não mencionados, há capacidade criativa e muitas potencialidades culturais e econômicas.
A cultura, como forma de economia, possui singularidades e especificidades, sendo necessário levar em conta essas características complexas e delicadas para garantir seu pleno desenvolvimento. Outro elemento essencial da economia da cultura é que bens, serviços, atividades e equipamentos culturais estão na base das condições de desenvolvimento do “capital humano”.
Isso porque ter acesso a livros, filmes, seminários, cursos, festas populares, museus, monumentos, músicas, peças de teatro, exposições, informações pela internet e a outros bens e serviços culturais trazem diversos benefícios:
Expandem os horizontes dos seres humanos, ampliam as chances no campo profissional; melhoram as condições de desenvolvimento da sociedade. Por consequência, impactam na qualificação e no desenvolvimento da economia em geral, pela maior capacidade de criar, inovar e de lidar com novas tecnologias.
E levando em consideração o aspecto econômico, ter mais pessoas buscando, tendo acesso e consumindo bens e produtos culturais são formas de fortalecer os mercados culturais, logo, criam-se mais possibilidades de desenvolvimento das economias da cultura.
Assim, dada a importância e o crescimento da economia criativo-cultural a nível mundial, é necessária uma atuação do Estado democrático para promover e investir em políticas públicas de cultura, uma vez que é preciso pensar na riqueza cultura brasileira e na arte nacional como ativos do desenvolvimento do país.
Fonte: https://diplomatique.org.br/economia-da-cultura-grandeza-e-complexidade/